sábado, 16 de julho de 2011

Da(r) conversa, nasce o verso...

"Ora vede: Definindo S. Bernardo o amor fino, diz assim: Amor non quaerit causam, nec fructum: "O amor fino não busca causa nem fruto". Se amo, porque me amam, tem o amor causa; se amo, para que me amem, tem fruto: o amor fino não há de ter por quê nem para quê. Se amo por que me amam, é obrigação, faço o que devo; se amo para que me amem, é negociação, busco o que desejo. Pois como há de amar o amor para ser fino? Amo, quia amo, como ut amem: amo, porque amo, e amo para amar. Quem ama porque o amam, é agradecido; quem ama, para que o amem, é interesseiro; quem ama, não porque o amam, nem para que o amem, esse só é fino."

Padre
Antônio Vieira
-Lindo, depois que leio e você diz que lembrou de mim ao ler, fico pensando será que já amo assim? Te amo!
-Só sei que o amo, não para que me ames ou por me amares. Apenas amo. E amo amá-lo. És sensível a ponto de duvidar da finesa do teu amor.
- Meu Deus, que coisa linda...Assim o amor virá líquido e escapa pelos olhos... Eu te amo!
- Não escapa, apenas toma forma diferente para se fazer mais presente e acariciar nosso rosto.
-
Não escapa, desliza e corre. Esvai a forma e fica lá, lá dentro...Pois ele, o amor fino é a essência.

2 comentários:

  1. nêgo, tu tá demais... q coisa linda é essa? aprendeu com quem? kkkkk...

    um amor puro... desinteressado... lindo! será q existe?

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  2. Amigo, acho que esse padre é Antonio Vieira do século XVII, aquele que fazia sermões maravilhosos, recheiados de crítica à postura dos pregadores daquela época. Mesmo sendo de outra época ele é atual. Ele era a favor da pregação verdadeira sem hipócrisia. No meu blog tem até um post que fiz qnd li uns sermões dele pra um trabalho da facul.
    Segue o link: http://variaspartesdemim.blogspot.com/2009/07/ao-mau-pregador.html

    Pois bem, lendo seu post, lembrei do trecho do poema de Drummond, que diz:

    Eu te amo porque te amo.
    Amor é estado de graça
    e com amor não se paga.

    Ah...resolvi colocar o poema todo:

    As sem razões do amor

    Eu te amo porque te amo.
    Não precisas ser amante,
    e nem sempre sabes sê-lo.
    Eu te amo porque te amo.
    Amor é estado de graça
    e com amor não se paga.

    Amor é dado de graça,
    é semeado no vento,
    na cachoeira, no elipse.
    Amor foge a dicionários
    e a regulamentos vários.

    Eu te amo porque não amo
    bastante ou demais a mim.
    Porque amor não se troca,
    não se conjuga nem se ama.
    Porque amor é amor a nada,
    feliz e forte em si mesmo.

    Amor é primo da morte,
    e da morte vencedor,
    por mais que o matem (e matam)
    a cada instante de amor.
    (Drummond)

    bjs

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